segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Pura Noite II

Uma tocha apagada no fundo do salão
Candelabros imórbidos sangrando pelo chão
A luz que não se atreve a pela porta entrar
E um forte vento frio que se espalha pelo ar

A noite cai tão triste que os corvos se preparam
Pra cantar o belo hino da vil degradação
Uma alma negra e fétida vem andando lentamente
Perseguida pelos rastros de sangue do salão

Sobre a mesa, o belo corpo da menina linda e pura
Os seus olhos arrancados demonstravam grande dor
Os corvos já cantavam com um grito incessante
Atormentando aquela noite de tristeza e pavor

A criatura ia chegando, preparando suas mãos
Para cumprir a profecia e aquele corpo estuprar
E na escuridão da noite, à sinistra monodia
A sagaz necrofilia foi com ela se deitar

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Buscai-me

Escuridão que me consola nas horas frias
E com ardor enxuga os prantos de minha dor
Reabrace-me n'aurora do canto do dia
E na lamúria do tempo replante a flor

Flor que nasceu no fundo de minh'alma
Naquele tempo em que eu ouvia a solidão gritar
E no fundo do abismo encontrei a calma
Em uma dor que só você conseguiu me dar

Abrace-me novamente nesta noite sombria
Pois meus olhos já não suportam enxergar a luz
Transforme-me agora e no passar dos dias
Naquilo que sou quando você me conduz

terça-feira, 31 de março de 2015

Carmem

À luz da Lua Vermelha
Ao som dos corvos a cantar
Num semblante absorto ela surge
Tão bela e tão singular

Seus trajes demonstram remorso
Seu olhar, uma pura inocência
Suas mãos, tão sujas de sangue
Trazem amor, e não penitência

Num lindo ato de paz
Num lindo gesto de glória
Ela carrega em sua memória
A imagem do corpo no altar

Os sinos agouram insanos
O céu nem de longe se vê
A Lua descansa em prantos 
Como um deus que nem mesmo em si crê

E tão bela, tão cheia de vida
Ela volta pra escuridão
Seu sorriso demonstra saudade
Das fincadas em seu coração

As horas passavam depressa
As estrelas caíam do céu
E seu lindo anjinho da guarda
A levou enrolada no véu

Fora dos eixos

Sigo o brilho da Lua nesta noite escura
Tento tirar seus olhos do meu fraco coração
As estrelas choram e me enchem de lágrimas frias
E os raios imitam o dedilhar desta canção

Sinto o cheiro da terra que molha meus pés
Tenho medo deste escuro, mas sua presença me acalma
Carrego comigo o peso de minha alma
E deixo a melodia do teu encanto me guiar