sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Desconexões

Há conexões no mundo
Que nos desconectam da realidade
E se essas conexões fossem destruídas?
Haveria, então, tamanha verdade?

A Sombra da Infelicidade

Era um vez uma pequena cidade no meio do deserto. Lá, as pessoas faziam oferendas ao seu Deus com a vida dos próprios moradores, normalmente os mais desprovidos de beleza. Por isso, todos faziam o que fosse possível para ser belos.

Um garoto, chamado Cruzoé, provavelmente seria o próximo a ser ofertado ao Deus Mikanael, que todas as noites aparecia no centro do deserto com aquela aparência assombrante e demoníaca.

O garoto não era adorador de Mikanael, e muito menos o enxergava como um Deus. Mas, de qualquer maneira, ele fazia de tudo para ser bonito e ter sua vida garantida.

A noite já chegava, e Cruzoé estava ficando com muito medo por já ter a quase certeza de que seria ofertado a demônio que eles chamavam de Deus.

À meia noite, ele estava dormindo - todo arrumado, por precaução. Mas nada adiantou: alguns vizinhos foram até sua casa, com o consentimento de seus pais, e o levaram para o meio do deserto.

No caminho, o garoto acordou e, em pânico, começou a se debater em tentativas de fugir. Porém, estas fracassaram: quando Mikanael emergiu da areia do deserto, um grande fogo se abriu, e o lançaram em seu interior.

Cruzoé morreu, mas sua alma ficou para sempre vagando pela cidade.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Do Outro Lado da Montanha

Há muitos anos atrás, na estranha vila em que eu sempre vivi, acordei de um profundo sono com a trágica notícia: "Tooly morreu!"

Tooly era meu gato de estimação. Nós sempre caminhávamos pelas tristes manhãs desse mundo acinzentado, que só trazia tristeza e desgosto. Mas hoje, com essa horrível notícia, caí em prantos e, sozinha, resolvi caminhar pela estrada da escuridão.

Andei por aquele imenso bosque, que era chamado de estrada por transportar as almas perdidas que vagavam pela nossa vila até o tão escuro céu.

Nunca tive medo, pois sabia que um dia eu também passaria por lá.

Enquanto caminhava, eu observava como tudo era feio e destruído. Meu desejo sempre fora residir num mundo belo, com vida, com paz...

Ao longe, observei uma grande montanha, que parecia ter uma luz em seu topo. Nessa montanha, havia uma escada, que não parecia ser muito confiável para se subir.

"Por que alguém construiria uma escada numa montanha enorme?!", me perguntei. "Mas e daí? O que me interessa nesse momento é subir até o topo!"

Subi as escadas, confiante. Cada degrau em que pisava me dava um sentimento de paz.

Chegando lá, fiquei boquiaberta: uma imensa floresta verde e iluminada, com fadas e duendes. Toda aquela beleza me trouxe uma sensação de... simplesmente de vida!

Decidi largar toda aquela escuridão e me joguei naquela paisagem perfeita de cima da montanha. Senti meu corpo flutuar, e de repente não senti mais nada. O que eu nunca soube é se aquele paraíso era verdade ou se foi apenas minha mente me ajudando a me livrar da vida amarga que eu levava.